sexta-feira, 3 de junho de 2011
Que tal trabalhar nossa memória de maneira adequada?
Dentro do processo educacional, é impossível não salientar a relação da memória ao aprendizado. Todos nós sabemos o quanto a memória faz parte dele. Jamais podemos dizer que aprendemos se não conseguimos memorizar o que aprendemos.
Existe uma ciência atualmente uma ciência muito comentada chamada mnemônica, praticada por povos da antiguidade (gregos, fenícios, árabes, etc...), atualizada com novas técnicas para trabalhar a memorização. O que me chama muito atenção é que todas as técnicas que os grandes estudiosos em "dificuldade de aprendizado" relacionam, são utilizadas freqüentemente em estudos musicais. Veja você mesmo e observe comigo.
A primeira técnica de memorização a ser abordada e uma das quais acho mais interessante, talvez por trabalhar com arte, é estabelecer associações criativas entre as informações memorizadas. Por exemplo, quando digo manga, posso associa-la à fruta manga ou então manga de casaco e definir ambos conceitos da "palavra manga". Trazendo isso ao nível de aprendizado musical, trabalhamos todos os conceitos musicais outrora aprendidos, nas músicas que tocamos ou iremos tocar. Quando abordamos, por exemplo, dentro da dinâmica a questão da intensidade sonora, ou células rítmicas, seqüências harmônicas repetidas em diversos gêneros musicais.
Outra forma de associação para facilitar a memorização seria feita através das emoções sensibilizando através das cores, formas, sons (ritmo e melodia) e cenicamente (dramatizações). Vemos isso constantemente com professores de nível médio utilizando, por exemplo, rap's facilitando a memorização de seus alunos com relação a conteúdo de química, física ou matemática. E para nós, eternos apaixonados pela música, será que fazemos relação entre o nosso objeto de estudo que é a música, e a nossa emoção? Claro que sim, a todo o momento... Além disso, a música é algo extremamente prazeroso, pois mexe com nosso sistema límbico (nosso 2° cérebro), que controla nossa sexualidade e grande parte de nossas emoções. Nesse sistema há grande número de receptores sensíveis a endorfina (responsável pela sensação de prazer). Existem estudos que grande parte das músicas do período clássico, quando ouvidas, fazem com que haja a liberação de endorfina, ocasionando a sensação de prazer e bem estar.
A próxima dica seria relacionar as questões a serem aprendidas, com os sentidos sensoriais (paladar, olfato, tato, visão, audição). Sabemos que quando estamos em processo de aprendizado musical, utilizamos continuamente nossa memória visual, auditiva e tátil.
Como uma das últimas técnicas de memorização a serem abordadas é a nossa grande amiga "repetição". Com relação a isto, sabemos bem o quanto ela é importante para a perfeição na execução de uma peça musical.
O melhor de tudo isso é que o músico utiliza todas as técnicas acima mencionadas, da melhor maneira: Intuitivamente, sem qualquer necessidade de racionaliza-las. É importante termos ciência de quanto o estudo musical é complexo e ao mesmo tempo simples e completo.
Então mediante a isto tudo, só resta a nós, organizarmos de maneira pedagógica uma seqüência de estudo para facilitar a memorização.
Como primeiro passo, devemos pegar a peça musical e analisa-la com todos os conceitos, já aprendidos, afim de que possamos associa-la a todas as informações técnicas já aprendidas anteriormente. Fazer uma associação de período histórico, questões rítmicas, questões melódicas, harmônicas e fraseologia. Depois de todos os conceitos elaborados e formulados, passamos por um segundo momento, trabalhando nossa memória visual e tátil através da nossa amiga repetição e assim que nossas memórias visual e tátil estão em processo de prontidão, passamos a acionar nossa memória auditiva e aí começamos a compreender de fato o que estamos estudando. Determinamos então, trechos a serem estudados, obedecendo a fraseologia e a conclusão harmônica, jamais esquecendo que nenhuma sentença literária será compreendida se não formos até o ponto final. O mesmo acontece com a música. Precisamos compreende-la até o ponto final.
Dentro da repetição, não necessitamos horas afinco para que tenhamos uma boa execução e sim, manter a constância e freqüência. O ideal é que estude observando as dificuldades numa determinada hora do dia e no mesmo dia repasse em horários alternados afim de que ocorra a fixação.
Após ter utilizado nossa parte sensorial e da repetição, está na hora de associar a peça ao colorido musical colocando a emoção, interpretando através da dinâmica, o que o compositor queria de fato passar com aquela composição.
E agora só me resta dizer bom treino e aproveite o máximo possível desta linda arte, não esquecendo que só não conseguiremos memorizar por estresse provocando pelo excesso de ansiedade ou cobrança; desinteresse pelo assunto; baixa auto-estima. Não se esqueça: nosso cérebro foi criado para aprender de forma tranqüila e prazerosa, não de forma forçada e aniquilada. Use sua criatividade.
Prof ª Amália De Vincenzo
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